Dica: Fique ridículo usando o photoshop |
Incrédulo, me aproximei de Noel. Ele tomou a garrafa das minhas mãos, tomou um gole e disparou, sem tirar os olhos da tevê:
“E aí? Você foi um bom menino?”.
“Claro”, respondi. Continuei.
“Mas me fala uma coisa. Você não tinha que estar por aí, distribuindo presentes?”.
O velho levantou os olhos em minha direção e disse:
“Você é burro ou o quê? Não sabe é que são os pais que compram presentes para seus filhos?”.
Não me acuei ante a obviedade da afirmação e segui argumentando:
“Bom...eu pensava isso antes de saber que você realmente existia. Agora eu já não sei...”. Era uma boa resposta, e o velho reconheceu, balançando a cabeça em aceitação. Pegou o controle remoto, abaixou o volume e disse:
“Olha só...as pessoas confundem as coisas. Realmente, na noite da véspera de natal eu saio de trenó para dar um rolê por aí. Paro numa casa, como um sanduba de pernil. Vou à outra, como um peruzinho, roubo uma latinha de skol. De vez em quando, um moleque acorda para mijar e me vê assaltando as sobras da ceia. Ingênuo, o guri acorda no dia seguinte, abre o presente e pensa que fui eu quem deu”. E finalizou:
“Agora que você já sabe a verdade, meu bom garoto, tome um pepsamar e vá dormir. Agüinha gelada não vai resolver”
Quando acordei na manhã de natal, os adultos estavam à mesa. Enchi minha caneca com o líquido negro fundamental e quinze gotas de zerocal e sentei-me junto a eles. No chão, as crianças rasgavam furiosamente os pacotes. Minha irmã, filosófica, perguntou:
“Irmão, você não tem saudades do tempo em que éramos criança e acreditávamos em papai Noel?”
Segurei a caneca entre as palmas das mãos para sentir sua quentura. Sorvi um longo gole, e depois respondi:
“Não”.