domingo, 24 de julho de 2011

A INFANTARIA ROMANA E A COPA AMÉRICA

O grande exército romano foi praticamente invencível durante toda antiguidade clássica graças à sua disciplina e treino. Era capaz de assumir diversas configurações, de acordo com as exigências da batalha. Muitas destas configurações eram defensivas. Na formação conhecida como “tartaruga”, por exemplo, os legionários formavam um retângulo ou quadrado com os homens de frente mantendo o escudo na vertical enquanto que os demais posicionavam seus escudos na horizontal formando uma espécie de teto. A “tartaruga” era particularmente eficiente para evitar ataques de projéteis como flechas e lanças. Convenhamos que os soldados haviam de ter colhões para receber aquela saraivada e não debandar.
            E era esse tipo de virtude que eu achava ver nas seleções futebolísticas de menor tradição. Na fase de grupos da enfadonha Copa América, times como Bolívia, Venezuela, Peru e etc entraram em campo com a proposta de segurar a onda durante noventa minutos, depois mais trinta para só então tentar a sorte nos pênaltis. Nos primeiros jogos eu estava empolgado com o clima criado em torno da competição: o Brasil tentando seu tri, a rivalidade com a Argentina e o sempre brigador futebol uruguaio. Então vieram os jogos da primeira rodada e foi aquele festival de empates. Foi quando eu decididamente passei a desprezar este tipo de estratégia. Ao contrario dos romanos, a estratégia “tartaruga” no futebol é irritante. Explico.
            O Paraguai corre o risco de ser campeão sem ganhar uma única partida na competição. Muitos podem louvar a disciplina tática, a marcação cerrada, enfim, achar que nossos vizinhos guaranis são legionários romanos em formação “tartaruga”. Não são. Os antigos romanos, quando assumiam essa configuração, aproveitavam o intervalo enquanto os arqueiros ou lanceiros inimigos aprontavam o novo disparo para avançar preciosos passos em sua direção. Pacientemente, seis ou sete saraivadas depois, lá estavam eles dizimando os bárbaros com suas espadas curtas no glorioso combate corpo a corpo. Na estratégia tartaruga do futebol Copa América, agüentar cento e vinte minutos pode, no máximo, levar à aleatória e ridícula vitória nos pênaltis.

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