Posso estar enganado, mas Laerte e Paragua tinham uma BMX pantera cada. Delba, uma Monark arco-iris. Álvaro, uma belíssima e bem cuidada caloi extra nylon azul. Taits e Kiko tinham calois extra light cor de vinho, com freios e rodas de alumínio . Cláudio tinha uma exótica calói tigrão, preta com a estampa do banco imitando a pele do animal. Meu primo sapo tinha uma extra nylon cromada com os raios pretos que ele quebrou no mesmo dia em que ganhou, ao saltar a escadaria da igreja de Mineiros do Tietê. Doido. Eu tinha uma Brandani cross marrom metálica com dois amortecedores traseiros e freios nos pés. O banco era comprido e afilado como um concorde, no melhor estilo Chopper. Igual à minha, só a do Pedro. Mas a dele era azul. Para saber se o moleque estava em casa, bastava olhar pela fresta do portão. Se sua bicicleta estivesse na garagem, ele estava. Se não, não adiantava nem chamar. Chamar sim, porque nunca usávamos a campainha. Sem descer da bicicleta, Gritávamos seu nome, sempre oxítonos:- Fulan-Ô! Aonde vamos? Do Caiçara à Coopersucar, Da Fazenda Morro Vermelho à Estação Ferroviária. Peter Fonda e Dennis Hopper, sem destino. A bicicleta, uma extensão do moleque. Ou vice-versa.
Claro que não é a mesma Brandani cross, mas passados mais de vinte e cinco anos, tenho minha magrela tunada. Numa manhã de domingo destas, fui dar uma volta na ciclovia. Por decreto, em dia e hora estipulados, uma das faixas da avenida é toda reservada aos ciclistas. Entrei no fluxo. Um guarda municipal sorridente e solícito parou os autos nas demais faixas da avenida para que eu pudesse cruzar em direção ao Parque. Cinco quilômetros depois, saí de lá incomodado e fui pedalar nas ruas do Centro. Sim, a ciclovia é uma beleza. A família pedala em segurança, estimula a prática da atividade física. É uma ótima opção de lazer. Pode ser, mas para mim a bicicleta nunca foi brinquedo nem aparelho de ginástica. Solenemente me recuso a sair para pedalar e passar duas vezes no mesmo lugar.
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