O bom jogador Neymar fazendo o irritante "coraçãozinho" para as fãs |
A cada espirro nascem no Brasil pelo menos uns quinze bons jogadores de futebol. Outro dia, enquanto caminhava pela mata de Santa Tereza, sacudi uma árvore muito alta e caíram seis bons jogadores e dois sagüis. Cada time da primeira divisão do campeonato brasileiro tem pelo menos dois, senão mais. O bom jogador é tão comum que me dá vontade de bocejar. Agora, o craque é outros quinhentos cruzeiros. Há entre o bom jogador e o craque uma distância de cerca de doze mil quilômetros, com dois desertos, um vale e uma cordilheira no meio. O craque, ao contrário do jogador competente, é tão raro quanto a dália secreta rodrigueana. Ver o craque em ação é um privilégio, ver dois ao mesmo tempo é tão improvável quanto gravar o canto do uirapuru no cruzamento da Getúlio Vargas com a Nove de Julho. Mas no sábado, dia dezoito de dezembro de dois mil e onze, as oito e trinta, horário de Brasília, todos tivemos esta oportunidade.
Messi, o craque chocado na Argentina e criado nas divisões de base do Barcelona, e Neymar, o topetudo cem por cento Vila Belmiro. Na terra do sol nascente, o campo era os dois mais vinte coadjuvantes. Dez minutos de partida e o que vimos foi a ameba catalã fagocitar a pobre bactéria santista, e o resto é história. Durante noventa constrangedores minutos, o incrível Barça nem tomou conhecimento do Campeão das Américas. Envergonhado, eu me encolhia na poltrona. Pizarro, o conquistador, foi mais condescendente com o imperador asteca Atahualpa. Mas para meu desgosto completo, o pior ainda estava por vir nas entrevistas.
Como se ainda fosse um moleque das categorias de base, um humilhado e racional Neymar falou a verdade: “Tivemos uma aula de futebol”. Meneei a cabeça da esquerda para a direita, com as mãos nos olhos para esconder minha vergonha. Eu não queria a verdade. Eu queria ver uma jaguatirica acuada, esbravejando. Em campo, eu queria ver Neymar - perdendo de quatro a zero, vestir um quimono muito branco, pegar a bola no meio-campo e desembestar para a área inimiga gritando “Tora! Tora! Tora!”. Pode não ter sido seu melhor dia em campo, mas seu conformismo foi digno de um bom jogador.
Todo ano, eu dou aula para uns 10 futuros campeões de futebol - que por este motivo acham que não precisam estudar tanto. Eles realmente caem de árvores e ficam lá, perdidos nos chão, pra sempre...
ResponderExcluirCOmeçou bem!!!! Meu querido e descolado primo!!!Sempre uma observação sobre todos os assuntos!!!! Feliz ano novo!!! Primão....
ResponderExcluirMeu querido como sempre comentários oportunos um grande abraço e que em 2012 realize todos os seus sonhos ,saúde,paz,amor ,esperanças..........
ResponderExcluircreio que cometeste uma injustiça. O segundo craque que você cita no texto não era o Xavi? Iniesta?
ResponderExcluir