Bial à época da queda do muro |
De tempos em tempos somos acometidos de uma fúria intelectualóide. Isso já aconteceu várias vezes antes, mas agora as tais redes sociais fazem este fenômeno se propagar mais rapidamente e atingir maiores proporções. De um momento para outro, começamos a achar que “o nível está baixo” e colocamos a culpa na telinha luminosa. Esquecemo-nos que a boa e velha TV nada mais é que uma vitrine para nos empurrar cartões de crédito, margarina e fatiadores supersônicos de pepino. A novela, o futebol e os programas em geral são iscas para nos manter sintonizados.
Verdadeiros paladinos da bagagem cultural de nossos filhos, elegemos o Judas da vez: Pedro Bial. Se como eu você estiver batendo às portas da quarta década de vida, há de se lembrar do charmoso repórter Bial vestindo um jaquetão marrom com ombreiras enormes e gola levantada anunciando, bem no meio do “vuco-vuco”, a histórica queda do muro de Berlim. Hoje, você liga a TV às dez da noite e torce o nariz quando vê Pedro lhe convidar para embarcar na “nave mãe do BBB” e dar uma “espiadinha em nossos heróis”. Esquecendo-se que o cara é amante de Guimarães Rosa, poeta, escritor, diretor de filmes e documentários, além de jornalista e biógrafo, você sacode a cabeça decepcionado e diz para si mesmo:
-É, Bial. Quem te viu quem te vê...
Portanto, se você é destes cavaleiros da alta cultura, eu proponho o seguinte exercício ético. Imagine que o mefistotélico Craig Nelson, CEO da Loteria Universal, aparece na sua casa e toca a campainha. Você o convida para entrar e passa um cafezinho para ele. Muito educado, ele sorve um gole do maravilhoso líquido, agradece e, tirando do bolso uma pequena tanga tipo fio dental revestida de lantejoulas verdes muito brilhantes, lhe faz a proposta:
- Vou direto ao assunto. Vim aqui lhe propor um trabalho. É simples. Está vendo esta tanga? Tudo que você tem a fazer é vesti-la e, na terça-feira gorda às quatro da tarde, desfilar sozinho e rebolando na rua Major Prado, da Igreja de São Sebastião até a Matriz Nossa Senhora de Aparecida, ao som de “Exaltação à Mangueira”. Para isso, você vai ganhar hum...digamos...trezentos mil dólares livre de impostos.
Bom, eu não sei quanto a você, mas posso dizer que eu engoliria o pudor de meus glúteos brancos e ondulantes e responderia:
- Posso ao menos passar um Hipoglós?
Nenhum comentário:
Postar um comentário