Eu não sou muito de poesia. Prefiro quando a figura de linguagem serve a uma boa história. Aliás, adoro. Lendo “A flor da Inglaterra”, de George Orwell, me deparei com uma série de pérolas que me chacoalham por dentro. Um exemplo. O autor descreve o esquisito Sr. Cheeseman como um anão ao contrário, onde as pernas e braços são longos, mas o tronco é curto. Segue dizendo que as nádegas parecem ligadas diretamente às omoplatas, o que lhe dá a aparência de uma “tesoura ambulante”. Outro exemplo da mesma obra. Rosemary caminhando entre as gentes no restaurante lotado é descrita como “um pequeno destróier deslizando por entre cargueiros desgraciosos”. Tudo muito preciso e inusitado. Coisa de gênio.
Aqui no Brasil foi descoberto um novo uso para esse recurso estilístico. Explico. Aqui a patuléia trabalha de primeiro de janeiro até 30 de abril para depositar seus ganhos no cofrinho do governo. Ele (o governo) é guloso e o pouquinho que sobra para cumprir o Contrato Social com a patuléia é reguladíssimo. Tão regulado que tem que ter muito jeitinho, tem que pedir com carinho para a dona do cofrinho liberar uns trocos. É aí que entram os amigos da dona do cofrinho. Os amigos da dona do cofrinho podem te ensinar a pedir, te ensinar as palavrinhas mágicas a serem colocadas nas propostas de licitações. Se você for muito colaborativo, os amigos da dona do cofrinho podem te incluir no círculo, aí você passa a ser amigo dos amigos da dona do cofrinho, o que torna sua vida muito mais fácil. Só que é feio cobrar por amizades e informações privilegiadas. Aliás, feio não. É ilegal e imoral. Então, não pode simplesmente dizer que se está vendendo favores ou influência. Tem antes que montar uma “consultoria” e dizer que cobra “Taxa de sucesso”. Coisa de gênio.
Te Enviei a resposta do email.
ResponderExcluirAbraços
Att Helton Ojuara