O ladrão é aquele que rouba. É aquele que se apropria indevidamente de alguma coisa que definitivamente não lhe pertence. Ele prefere dinheiro, que tem maior liquidez. O ladrão e sua atividade, o roubo, dependem da prosperidade daquele que é roubado. Via de regra, se o roubo não estiver associado a alguma violência, o sujeito roubado supera emocional e materialmente a perda em questão de dias.
De volta aos noticiários, a corrupção é outra atividade ilícita que muitas vezes é confundida com roubo. Para detrimento do ladrão, mais do que confundida, a corrupção é muitas vezes chamada de “Assalto aos cofres públicos”. Absurdo. Eis onde quero chegar. Chamar um político ou qualquer servidor público corrupto de ladrão é ofender o ladrão. Segue-se a explicação.
Para melhor defender meu argumento, é preciso antes inventar uma figura quasi-borgeana: o Alvará. O Alvará é o documento público que contém todos os documentos públicos. Todo certificado, certidão, concessão, licitação, liberação, selo, atestado, carimbo, assinatura, rubrica, protocolo, processo, relatório, requisição, requerimento, comprovante, recibo, multa, vale, diploma ou qualquer outra benção que o Estado precise emitir para desembaraçar sua vida está contido no Alvará.
Em algum momento da vida, nossa prosperidade esbarra na necessidade do Alvará. Sem ele não existimos e nada produzimos. O corrupto tem plena consciência dessa necessidade e tudo faz para valorizar a emissão do Alvará. Há de se gerar demanda, gerar uma pilha de pedidos para poder burlar, uma fila para poder furar, um jantarzinho para azeitar relações. Tudo obviamente, à troca de um favorzinho, de uma garrafa de vinho. Ou de uma mala de dinheiro, talvez. Eis então a desgraça da corrupção. Para que o corrupto prospere, é preciso que ele asfixie até a quase morte a prosperidade geral. Tudo há de ser difícil para que facilidades possam ser negociadas, mesmo que para isso nada funcione. Respeitemos pois, o ladrão.
Sempre bom!!! Boa analise!!!!Adorei!!!
ResponderExcluirAndrea carrara Veneziani